Deus está presente em toda parte, seja na rua, no bloco, no salão. Vá pular seu Carnaval que não é pecado.

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Por Renato Bernardinelli

Muitos acreditam que este feriado de Carnaval é uma festa pagã, uma imoralidade, que são dias de luxúria, de extrema promiscuidade, de liberdade para poder representar personagens que não passam de verdades de si mesmos, como homens vestidos de saia e batom, com bolsinhas. É uma festa onde tudo parece ser permitido. São dias de extrema alegria do povo na rua, no clube, no salão; por toda parte estarão blocos cantando marchinhas e alegrando a multidão.

A Igreja condena, seja qual for sua denominação, e priva o ser humano de viver dias de extrema alegria, de se encontrar com amigos, de pular atrás do bloco, atrás do trio elétrico. Alguns preferem ver de longe, de camarotes ou de janelas dos mais altos prédios de avenidas inteiras de gente feliz, pois é Carnaval. Chegou a hora de esquecer os problemas e brincar de ser feliz.

 

Eu, no início, quando me tornei cristão, fui na onda da opinião da maioria e preguei que era uma festa do pecado. Hoje confesso a vocês que, com mais consciência e intimidade com Deus, não posso dizer que ainda penso o mesmo, pois cada vez mais me desvencilho das normas impostas pela hipocrisia. Eu quero estar ao lado de quem sofre o ano todo, trabalhando atrás de metas ou de pé atrás de balcões. Eu quero estar ao lado dos homens engravatados que, nestes dias, se libertam de suas obrigações e podem, sem culpa, se jogar na rua de sunga e purpurina, mesmo que digam “soltou a franga”. Ele não se importa, o que quer é ser feliz.

Se já não basta uma sociedade viver de máscaras o ano inteiro, que pelo menos no Carnaval as pessoas possam ser livres por inteiro. Hoje, eu apoio a liberdade de um povo alegre ou triste para fazer, nestes dias, toda a algazarra que tiver vontade, desde que esteja consciente de suas atitudes, respeitando o espaço do outro e fazendo desta festa um movimento de gritos de esperança, de acreditar que são eternas crianças.

O Carnaval é pecado na mente de quem imagina que o povo faria o que ele tanto deseja fazer, se estivesse sem batina ou sem o livro debaixo do braço. Condenar uma festa tão importante, que reúne o povo de Deus, é realmente não entender nada das mensagens que Jesus Cristo tanto deixou. Pois, se Jesus estivesse aqui nestes dias, estaria pulando no meio da multidão, possivelmente com uma garrafa de vinho e cheio de brilhos que o tornariam mais humano de verdade.

Jesus nunca disse para o povo ficar em casa sofrendo de depressão. Jesus de Nazaré prefere seu povo na rua a vê-lo em hospitais lotados, presídios com inocentes presos, doentes na cama, crentes fingindo estarem orando enquanto, no fundo de seus lares, estão de sunga e latinha na mão, olhando para a bunda da vizinha, enquanto suas patroas passam o pano e fingem não ver sua realidade tão triste. Enquanto isso, lá fora, os que já desistiram de crer na sandice de que Cristo tudo condena e que Deus virou o juiz de todas as privações, estão aproveitando a vida.

Criaram, há séculos, o “pão e circo” para esconder dias de corrupção. Hoje, a Igreja faz o mesmo, usando a festa mais brasileira, mais alegre e verdadeira, onde Deus se manifesta de fato.

Eu vejo Deus em cima do trio elétrico cantando: “Lá vou eu, outra vez na avenida.” Eu vejo Deus empurrando carros alegóricos sem partida. Vejo Deus respeitando quem decidiu passar dias na orgia. Vejo Deus por toda parte na festa mais emocionante do mundo.

Eu vejo Deus cada vez mais distante das igrejas, apesar de estarem repletas de gente desesperada, ouvindo a voz de falsos profetas, que me parecem mais advogados do diabo, defendendo teses e argumentando livros, capítulos e versículos de acordo com a cesta de intenções na hora de passar na frente do coitado reprimido e tirar dele tudo que pode, seja via Pix, no crédito, ou até com armação de óculos.

Eu vejo a palhaçada correndo solta mais dentro das igrejas, que viraram picadeiros, do que na rua, onde de verdade está o Cristo Salvador. Aliás, Salvador de pessoas presas e angustiadas, que vivem acreditando que estão em dívida com as “lojas do Reino”, como se para entrar na casa de Deus fosse preciso pagar boletos a vida toda.

São taxados de dízimos e ofertas aquilo que vendem como vida eterna, sem saber que, para Deus, a eternidade de nossa existência se faz presente aqui na Terra.

Sim, meus caros amigos, vivam a vida intensamente, buscando sempre fazer a diferença no mundo e torná-lo mais alegre, sem preocupações com o futuro. Pois, depois que partirem, a única certeza será das auroras que cantaram.

Viva o povo brasileiro! Viva a cultura brasileira! Viva a alegria de poder viver uma vida sem culpa e sem peso!

Aproveitem esses dias, façam o que quiserem, só não ultrapassem o limite da vontade do outro. Vivam sua vida sabendo que quem manda nela são vocês mesmos, pois quem é Deus aqui na Terra somos cada um de nós!

Portanto, solte suas emoções, beba até cair no colo, pule até não poder mais, faça a vida valer a pena, pois só se vive uma vez! Não esqueça que, onde você vive, já é a vontade de Deus. O Rei está na avenida nestes dias de festa e alegria!

Renato Bernardinelli

 

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