A cena política brasileira ganhou mais um capítulo de tensão com a prisão de Gilson Machado, ex-ministro do Turismo e figura próxima ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O motivo: seu suposto envolvimento em uma trama que visava facilitar a fuga de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e personagem central em uma série de investigações que abalam os bastidores do poder em Brasília.
A operação, deflagrada pela Polícia Federal, mira um grupo que estaria planejando tirar Mauro Cid do país, numa tentativa de obstruir o avanço das investigações que o envolvem em diversos casos, incluindo fraudes em cartões de vacinação e possíveis articulações golpistas. Segundo fontes ligadas à investigação, Gilson Machado teria oferecido apoio logístico, incluindo transporte e rotas de fuga, para facilitar a saída de Cid do Brasil.
A prisão de Machado representa uma escalada no cerco às figuras que integraram o núcleo político mais próximo de Bolsonaro. Conhecido por seu estilo irreverente e por performances musicais em eventos oficiais, o ex-ministro sempre foi visto como um dos aliados mais leais ao ex-presidente. Sua captura, no entanto, coloca em xeque essa lealdade, agora sob suspeita de envolvimento direto em atos para obstruir a Justiça.
Nos bastidores, a prisão de Machado foi recebida com surpresa por parte de aliados, que consideravam sua atuação limitada ao campo político e institucional. No entanto, as investigações apontam que ele teria usado justamente essa rede de contatos e sua experiência logística — acumulada durante os anos em que esteve à frente de órgãos públicos — para articular uma possível rota de fuga para Mauro Cid.
As autoridades destacam que o plano, embora não tenha sido executado, estava em fase avançada de preparação. Há indícios de que aeronaves, embarcações e imóveis em áreas de difícil acesso estavam sendo mobilizados para a operação. Interceptações telefônicas e trocas de mensagens revelam um fluxo intenso de comunicações entre os envolvidos, incluindo Gilson Machado.
A prisão do ex-ministro intensifica ainda mais a pressão sobre o entorno de Bolsonaro, que já enfrenta um cenário político delicado com investigações múltiplas envolvendo antigos assessores e membros de seu governo. Além disso, reforça o clima de insegurança entre aliados próximos, que agora temem novas ações da Polícia Federal.
Especialistas em direito penal apontam que o envolvimento em um plano de fuga pode configurar crimes como favorecimento pessoal e organização criminosa, o que pode levar a penas severas, caso as acusações sejam confirmadas.
Enquanto os desdobramentos do caso continuam, Gilson Machado deverá prestar depoimento nas próximas horas, sendo questionado sobre sua relação com Mauro Cid e sobre os detalhes do suposto plano. Fontes próximas à defesa do ex-ministro indicam que ele pretende colaborar e esclarecer os fatos, mas a expectativa é de que o caso ainda gere repercussões de grande impacto político.
No meio de um cenário nacional já marcado por instabilidade e polarização, a prisão de mais um nome ligado ao ex-presidente lança novas dúvidas sobre o futuro político do grupo bolsonarista. Resta saber até onde as investigações irão alcançar e quais outras peças desse tabuleiro ainda podem cair.