A Reserva Biológica do Tinguá, um dos mais importantes redutos de Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro, passou a ser oficialmente reconhecida como patrimônio estadual. A medida fortalece a proteção de uma área estratégica não apenas para a biodiversidade, mas também para a segurança hídrica e a memória histórica fluminense, consolidando a reserva como um bem coletivo de valor inestimável.
Localizada em uma região de transição entre a Baixada Fluminense e a Serra do Mar, a área protegida ocupa uma extensão expressiva de floresta preservada, abrangendo territórios de diferentes municípios. Em meio a uma das regiões mais urbanizadas do estado, a reserva funciona como um verdadeiro pulmão verde, ajudando a equilibrar o clima, preservar nascentes e conter os efeitos da expansão urbana desordenada.
A história da Tinguá está profundamente ligada à formação do próprio estado. Ainda no período imperial, a área já era considerada estratégica por abrigar mananciais essenciais para o abastecimento de água. Estruturas históricas destinadas à captação e condução hídrica permanecem preservadas no interior da floresta, reforçando o valor cultural e histórico do território, agora reconhecido também sob o ponto de vista legal.
Do ponto de vista ambiental, a reserva abriga um dos ecossistemas mais ricos e variados da Mata Atlântica. São centenas de espécies de plantas nativas, muitas delas raras ou ameaçadas de extinção, além de uma fauna diversa, composta por mamíferos, aves, répteis e anfíbios que encontram ali um dos últimos refúgios seguros da região. A floresta atua ainda como corredor ecológico, fundamental para o deslocamento e a sobrevivência de várias espécies.
Ao se tornar patrimônio estadual, a Reserva Biológica do Tinguá passa a contar com um reforço institucional importante. O novo status amplia as garantias legais contra ocupações irregulares, desmatamento e atividades incompatíveis com a função da unidade de conservação. Também reforça a responsabilidade do poder público na fiscalização, manutenção e preservação de sua integridade ambiental.
A reserva segue classificada como área de proteção integral, o que significa que seu uso permanece restrito. A prioridade absoluta é a conservação dos ecossistemas, da fauna, da flora e dos recursos hídricos. Atividades humanas são permitidas apenas de forma controlada, voltadas à pesquisa científica e à educação ambiental, sempre sob regras rígidas que evitem impactos ao meio ambiente.
Além de sua função ecológica, a Tinguá cumpre um papel essencial na formação de consciência ambiental. A proximidade com áreas densamente povoadas faz da reserva um espaço simbólico de aprendizado sobre sustentabilidade, preservação e responsabilidade coletiva. O contato com uma floresta viva, protegida por lei, contribui para aproximar a população urbana da natureza que sustenta a vida cotidiana.
O reconhecimento da Reserva Biológica do Tinguá como patrimônio estadual simboliza um compromisso com o futuro. Em um cenário marcado por pressões sobre áreas verdes e recursos naturais, a decisão reafirma que preservar a floresta é também preservar água, clima, história e qualidade de vida. Mais do que um título, o novo status consolida a Tinguá como herança ambiental permanente, destinada às gerações que ainda virão.









