Salgueiro em Foco: MC Rebecca inspira nova geração de musas com conselhos reais

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MC Rebecca, figura emblemática do Carnaval carioca, lançou um recado que vai além dos saltos e purpurinas: compartilhou com as novas musas do Salgueiro seu aprendizado acumulado ao longo de mais de uma década de passarelas. A veterana mostrou que ser musa não é somente brilho; exige preparo físico, resiliência e paixão pelo samba.

Em sua fala dirigida às jovens eleitas para representar a escola, Rebecca enfatizou que desfilar por mais de uma hora e debaixo de sol exige treinamento intenso. “Resistência. Treinar bastante, porque encarar 1h20 de desfile não é brincadeira”, afirmou, delineando claramente que a exigência emocional e corporal é tão grande quanto o desejo de estar no carro da frente.

O momento assumiu caráter simbólico, justamente porque Musas do Salgueiro já são parte intrínseca da identidade da escola: personagens que elevam o carnaval à síntese entre beleza, presença e representatividade. Rebecca relembra que o posto não é apenas estético, mas político: cada passo conta como afirmação cultural e pertencimento à comunidade.

Para ela, é essencial que as candidatas entendam que o palco exige colaboração e sintonia com a ala de passistas e com os ritmistas. O samba não espera individualidades — espera entrega. Sua mensagem é de equilíbrio entre o brilho pessoal e o coletivo: desfilar para enaltecer a escola, não para ofuscar o conjunto.

Rebecca também alertou que a pressão social sobre as musas aumenta à medida que a exposição cresce. “Você estará sendo observada em cada gesto, no corte da fantasia, no ritmo dos movimentos”, disse, aconselhando compostura, respeito e atenção ao corpo. Em sua trajetória, aprendeu a “ouvir o corpo” — não esticar a elasticidade além dos limites, valorizar o descanso e cuidar da saúde física como prioridade.

A interlocução da veterana com as novas musas ressalta que samba é escola de resistência — não apenas passarela. É também disciplina vocal, expressão corporal e postura de presença cívica. Rebecca representa essa ponte entre a memória do Carnaval tradicional e a nova geração, cuja renovação é saudada, mas nunca desconectada das raízes.

Sua história como musa e passista dá ainda mais legitimidade ao conselho: ela já viveu a expectativa, o cansaço, as críticas e os aplausos. Hoje cantora, segue conectada ao universo do samba — o que permite que sua voz ecoe de modo crível perante quem está começando.

O ato de orientar, portanto, é também político: reafirma que o espaço das musas não está reservado só ao espetáculo, mas ao compromisso com uma cultura viva. E que esse compromisso exige preparo, serenidade e reverência à comunidade que sustenta a escola.

Há sempre quem subestime o lugar das musas, vendo apenas o visual ou a folia. Mas a mensagem de Rebecca reforça o contrário: elas são guardiãs simbólicas de identidade, visibilidade e trovão cultural. E uma Musa bem preparada pode virar inspiração — muito além da avenida.

Com seu recado, Rebecca reafirma uma verdade simples e potente: ser musa é sorrir, desfilar e resistir — tudo ao mesmo tempo. E que as jovens que vestirem as cores do Salgueiro não herdarão apenas coroa ou faixa, mas a missão de manter viva uma tradição construída no suor, na arte e no pulsar da comunidade.

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